domingo, 28 de março de 2010

O MARABAIXO




RETIRADO DO TCC: A CULTURA AMAZÔNICA, EM ESPECIAL A DO AMAPÁ E
A IMPORTÂNCIA DO MARABAIXO PARA O FOLCLORE LOCAL

AUTOR: Claudionor dos Santos

ORIGEM

O Marabaixo constitui-se numa das mais importantes e festejadas expressões da cultura amapaense. De origem negra, o Marabaixo é a mais autêntica manifestação folclórica do Estado do Amapá. Sendo prestigiada por todas as raças e classe predominante da África e que hoje sobrevive de geração em geração demonstrando interesse de divulgação da importância do folclore local.
A Colonização de Macapá (vila fundada em 1758, antiga província dos Tucujus), deu-se por volta de 1751, quando Francisco Xavier de Mendonça Furtado, governador do Grão-Pará, para lá mandou as primeiras famílias de açorianos para povoar e resguardar aquela glebana foz do Rio Amazonas, onde desde 1738 existia apenas um destacamento militar. Trinta e dois anos depois chegaram a Belém, em três navios, 340 famílias, num total de 1.022 pessoas (incluído escravos), vindas da Costa Ocidental da África, onde hoje está localizado o reino de Marrocos. Deslocaram-se para o Brasil em função dos constantes conflitos existentes entre cristãos e mulçumanos, naquela região. Das 340, algumas ficaram em Belém, Macapá, Santana, Vila Nova, e 163 se estabeleceram no município de Nova Mazagão (hoje Mazagão Velho), situada a sudeste de Macapá (CANTO, 1998, p. 18). Entretanto, outro autor estabelece que a partir da segunda metade do século XVIII, através da política pombalina para Amazônia, ocorreu à proibição do trabalho compulsório indígena e, ao mesmo tempo inicio-se o processo de transferência de escravos africanos para região. No caso especifico do Amapá, os primeiros escravos foram trazidos, aproximadamente por volta de 1751, para trabalharem na cultura de arroz, e mais tarde na construção da fortaleza de São José de Macapá. Para a região do Mazagão, chegaram em 1771 algumas famílias de escravos de forte influência islâmica (ANDRADE, 2001, p. 36).
No Brasil foram comuns os negros utilizarem-se dos cultos e práticas religiosas africanas para comunicarem-se e, ao mesmo tempo resistir à dominação. Os religiosos não davam liberdade para realização dos cultos afros, e o negro disfarçava os rituais, assim quando ocultavam imagens de santos católicos nas senzalas, sobre toscos altares, assim quando ocultavam imagens de árvores, ervas, conchas, etc. Era um “Pegi” disfarçado. O “Pegi” é o santuário, o altar dos Orixás. Para não perturbar os senhores, os negros construíram o “Pegi” em lugar afastado da Casa Grande, no interior das Senzalas ou anexo a ela. Com o passar do tempo os dogmas e os segredos do Candomblé passaram de geração em geração através da tradição oral. É claro que o “candomblé original”, sofreu influências locais, introduzindo figuras indígenas, denominadas de caboclo ou cabocla. Na ausência de imagens para certas personagens do culto católico os negros criavam símbolos. É o caso do Divino Espírito Santo e da Santíssima Trindade (ANDRADE, 2001, p. 36).
Portanto, o Marabaixo nasceu da revolta dos escravos, cujo ritmo vem dos remos (instrumentos para fazer avançar na água pequenas embarcações), e na convexidade das caravelas negreiras, que conduziam mar a baixo, os nossos irmãos africanos, condenados ao trabalho forçado serviam de escravos nos tempos da escravatura. Trazendo saudades de sua pátria distante e o tom espiritual das crendices de sua origem, seus rituais eram realizados para esquecer o sofrimento e os castigos vividos naquele tempo.

Um comentário:

Valdecy Alves disse...

Nos tempos atuais ao seguimos um blog ou sermos seguidos, formamos uma verdadeira teia, capaz de ter um alcance quantitativo e qualitativo para matérias formativas e informativas, que mídia alguma consegue ter. Já imaginou se os pré-socráticos e pós-socráticos tivessem tal meio divulgador na sua época? A história seria outra! POR ISSO PARABÉNS PELO BLOG.

Aproveito para CONVIDAR VOCÊ, seus seguidores e quem você segue, para lerem matéria sobre o espetáculo SAGRADO E PROFANO, que ocorrerá na cidade de Senador Pompeu, interior do Ceará, no pequeno Distrito de Engenheiro José Lopes. Experiência artística que mobiliza toda a população, que além de encenar a Paixão de Cristo ainda tem os caretas, que há cerca de 70 anos, saem pelas ruas. Experiência artística, social, política, folclórica, econômica..... que merece ser relatada, imitada e, sendo possível, vista e visitada ao vivo. Boa leitura em:

www.valdecyalves.blogspot.com